"...Blimunda,onde foi que aprendeste essas coisas, Estive de olhos abertos na barriga da minha mãe, de lá via tudo."
"Só te direi que é um grande mistério, voar é uma simples coisa comparando com Blimunda"
Memorial do conventoA propósito do saber feminino, um poema de António Franco Alexandre:
Já nasceste a saber o que eu não sei,
o que o lume na água mais procura;
se me dás de beber vou ter a sede
incessante da fonte mais impura.
Cada noite te peço que imagines
uma outra fina, elementar tortura,
como essa, de nunca mais arder
o corpo que no corpo se insinua.
Por cada gesto teu, leio almanaques
de vãs filosofias, para ter
a réplica prevista à tua altura;
por cada lábio, sou mais sábio que
toda a corte talmudista;
e ainda não sei o que ao nascer sabias.